Gal Costa incursiona na batida eletrônica. Essa afirmativa poderia soar estranha no passado, mas como a própria artista admitiu: “Posso ser moderna e absorver novos sons”, e foi o que aconteceu! Nesse último trabalho intitulado “Recanto” lançado pela gravadora Universal e produzido por Caetano Veloso e Moreno Veloso, ela deixa fluir sua magnifica voz num disco que posso considerar um dos melhores lançados esse ano. Caetano já havia conversado com ela sobre essa possibilidade dele produzir um álbum nessa linha rítmica.
Sem dúvida a melhor voz que “traduz” as composições de Caetano seja mesmo a de Gal Costa, então por isso ela é a cantora certa para continuar suas experiências, tal qual ele fez quando lançou os seus álbuns “Cê” e “Zii e Zie”, que navegam numa linha roqueira. Mas voltando a falar de Gal, conversa vai, conversa vem e por fim ela aceitou mais esse desafio na carreira.
Recanto é um disco interessante, já que a voz de Gal casa perfeitamente com as batidas enigmáticas de algumas canções. No álbum tem você encontra algumas misturas sonoras, desde o samba de roda (Mansidão), funk carioca (Miami Maculelê) com a participação do próprio Caetano, bossa nova com o piano de Daniel Jobim e até música para pista de dança (Neguinho). Os destaques do disco, além das citadas, são: “Sexo e Dinheiro”, “Autotune Autoerótico” e “Madre Deus”.
Para os fãs tradicionais pode soar como um choque, mas, por outro lado entende-se que qualquer coisa que rompe com o tradicional causa estranheza e esse disco é um trabalho de ruptura, mesmo que alguns torçam o nariz.
Carlos Maciel, radialista, professor e apaixonado por música de qualidade
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