Olá! O ano de 2015 foi um ano para ser lembrado e por incrível que pareça, um ano também para ser esquecido. A política andou capengando, a economia, idem. Alguns acontecimentos abalaram o mundo e com a música aconteceu quase a mesma coisa. Tivemos que "engolir" alguns "sucessos" e alguns "cantores" que foi um "Deus nos acuda", teve muitas coisas boas, outras nem tanto, mas todo ano é assim, apesar de alguns serem melhores ou piores que outros. Mas vamos ao que interessa: pretendo colocar aqui, o que tive a oportunidade de ouvir e que achei pulsante, ou seja, o que mexeu comigo. Sei que vai haver as contradições - natural isso -, mas não tem muitas surpresas, assim eu penso, se você ficou antenado, claro.
Confiram:
CÍCERO - A Praia (Independente)
Incompreendido por alguns, chato para outros mas o carioca Cícero mandou bem no "A Praia", para alegria dos fãs. É um trabalho não muito diferente de "Sábado" (2013) mas que continua a sua batalha de criar a própria personalidade musical. Não teve músicas comerciais - nem sei se isso seja tão interessante - mas é um disco significativo na sua carreira.
DIOGO STRAUSZ - Spectrum Vol 1 (Independente)
Em seu primeiro disco lançado, o Diogo que é filho de Leno - artista que fez sucesso nos anos 60/70 com Lílian -, mistura pop, rock, música negra e eletrônica dos anos 90 no mesmo caldeirão e conseguiu mostrar toda sua versatilidade na estréia com "Spectrum Vol.1".
GAL COSTA - Estratosférica (Sony Music)
O trigésimo sexto álbum de estúdio dessa baiana retada, não poderia ser diferente de muitos já lançados por ela desde a década de 60 e Gal Costa mostra que a música não precisa "obedecer" a estética de mercado para ser boa. Misturando samba canção, bossa nova, pitadas de jazz entre outras "cositas", ela marcou presença em 2015.
FITO PAEZ & MOSKA - Locura Total (Sony Music)
Esse lance de juntar música brasileira e música de Brasil não é novidade para Paulinho Moska e nesse lançamento intitulado "Locura Total" pintou essa parceria com o argentino Fito Paez, apesar de achar que a música argentina fica distante, mesmo estando perto, do que se ouve no Brasil - cantores de lá não fazem sucesso por aqui. Mas os "hermanos" se deram bem nesse álbum cheio de pop, rock, samba e outras milongas. Entrou na lista do ano.
Antes mesmo de aparecer nacionalmente, o Scalene já mostrava ser a banda nova mais criativa do rock nacional e com o lançamento de "Éter" isso ficou mais concreto. Com ele, os garotos brasilienses conseguiram mesclar o rock pesado com uma certa suavidade, e essa é a grande diferença do seu trabalho. É uma das bandas mais promissoras do momento.
JAIR NAVES - Trovões A Me Atingir (Independente)
Quase no apagar das luzes, fui conhecer esse disco do Jair Naves. Essa álbum é o segundo da sua carreira e foi gravado por meio de financiamento coletivo. Teve participações importantes da cena indie nacional como Bárbara Eugênia, Beto Mejia (Móveis Coloniais de Acaju) e Camila Zamith (Sexy Fi) e ainda os músicos Guizado (trompete), Raphael Evangelista (violoncelo) e Igor Bologna (percussão). A obra tem pós-punk, rock pop e experimentalismo.
EMICIDA - Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa (Sony Music)
Raramente um disco de rap entra na minha lista - não ouço muito -, mas esse disco de Emicida soa diferente por ser doce e ao mesmo tempo rasgante em seus discursos, falando de racismo, das diferenças sociais e preconceitos - isso foi uma rotina nas redes sociais, campos de futebol, etc. Misturando hip hop, rap e negritude, ele fala do que viu na sua viagem a África e do que vê no dia em nosso país. Sem dúvida é um dos maiores nomes do hip - hop- rap nacional. O ponto alto do disco é a participação de Vanessa da Mata em "Passarinhos"
SILVA - Júpiter - (Slap - Som Livre)
Se tem um nome, atualmente, na música eletrônica-ambiente-experimental no Brasil, esse nome é Lúcio Silva de Souza mais conhecido por Silva. O capixaba, mesmo sem ter alcançado a musicalidade do disco anterior "Vista Pro Mar (2014)", trouxe novas inspirações no cd "Júpiter" que mais é leve, mais poético, quase intimista e mesmo apesar de algumas críticas "negativas" é um bom disco. Não ficou de fora da lista.
LENINE - Carbono (Universal Music)
O que dizer de um cara que se renova a cada ano como é o caso de Lenine. Competente, preciso nos arranjos e letras, continua a executar o seu trabalho com maestria e "Carbono" é uma prova disso. Só as letras de "Simples Assim" e "O Impossível Vem Pra Ficar", já valeria a audição do disco.
KARINA BURH - Selvática (Independente)
Energia na sua mais pura essência, foi o que fez Karina Burh nesse petardo chamado "Selvática". Músicos precisos em um disco que começa numa total suavidade para estourar pesado na faixa título.
DJAVAN - Vidas Pra Contar - (Luanda/Sony Music)
Esse é o 23º disco desse alagoano que continua fazendo disco legais. Não muda muita coisa em relação aos três últimos álbuns, mas tem identidade própria e quando você ouve os arranjos já sabe que é Djavan. Gênio tem dessas coisas.
TULIPA RUIZ - Dancê (Independente)
Nesse seu terceiro disco, Tulipa espanta de vez o estigma de "promessa" e se fixa de vez no mercado das grandes artistas brasileiras. O nome do álbum é "Dancê" e ela cumpre o que diz o título misturando pop music e eletrônica sem perder as suas raízes musicais.