@carlossmaciel
Esse momento é crucial para quem escreve, o senso comum dificilmente será alcançado ou nunca será alcançado na realidade. O que se procura é apenas uma ideia entre milhares, e desses alguns, obviamente, obtém maior destaque, mas apenas por detalhes.
O disco físico ainda é o deleite dos amantes da música. Seja pela beleza plástica das capas e também para "analisar" as artes gráficas, as composições e seus compositores, tudo bem que esses últimos são facilmente encontrados na net. O ano de 2018 trouxe de volta alguns veteranos que lançaram bons discos, e ainda uma boa parcela de sangue novo que também deu sua contribuição na área.
Vamos a "famosa" lista, sem buscar o critério de colocação, afinal de contas, não é uma parada de sucesso e além disso respeitando os gostos individuais de cada um. Tem a MPB de Djavan, Gilberto Gil, até o rock alternativo da banda goianiense Carne Doce.
Cordel do Fogo Encantado - Viagem ao Coração do Sol (Independente)
Esse disco demorou 12 anos para ser lançado, não que a criação tenha sido antes, mas é o primeiro disco de inéditas da banda pernambucana Cordel do Fogo Encantado, depois desse hiato tão longo. O último havia sido o Transfiguração (2006) e nesse novo álbum a poesia continua sendo o seu forte. As letras giram em torno das discussões internas que regem o ser humano: o fim e o começo com todas suas dúvidas possíveis. Durante o tempo em que eles silenciaram os trabalhos para seguir cada um em projetos diferentes não são sentidos nas faixas deste álbum.
Illy - Voo Longe (Universal)
Interessante, quando eu ouvi o disco de Illy pela primeira vez, fiquei surpreso com tantos estilos na obra. Você ouve samba, ijexá, bossa nova, jazz, rock... mas tudo alinhado em uma perfeita linha do tempo. Ela, com sua voz de timbre leve, se é que se pode falar assim, conduz cada linha de forma coerente. É um mix de sonoridades tropicais bem temperado. Passeia por compositores como Djavan (Que Foi My Love?) e Chico Cesar (Só eu e Você) e ainda tem a participação do grande Gerônimo Santana.
Rubel - Casas (Dorileo / Natural Musical)
Quando esse disco foi lançado, eu fiquei analisando detalhadamente os contextos que o carioca Rubel pretendia criar. Normalmente coloco no meu mp3 - meu companheiro de viagens. E neste trabalho, ele não economizou quando quis retratar histórias naturais que conseguem juntar o passado, como na música "Colégio", em que relembra os seus tempos de escola, ou até mesmo na instrumental Intro, que brilhantemente abre o disco e antecede essa faixa, e "Passagem" em que ele conta seus sonhos de futuro através de trechos de um curta-documentário que ele criou em 2015. Outro destaque desse álbum é a música "Partilhar" (Eu só tenho 80 anos pela frente / Por favor me dá uma chance de viver / Eu quero partilhar a vida boa com você).
Kassin - Relax (LAB 344)
A música brasileira dos 70 e 80 foi o mote principal para esse novo disco de Kassin. Passeando pelo pop, soul, funk, jazz e rock, ele conseguiu transpor criativamente cada um desses ritmos para os dias atuais, sem contudo desligá-los das suas origens. Os versos são atemporais quando citam a política "O Anestesista" (Lendo o que as pessoas acham/ Sobre o golpe de Brasília / Que desilusão), ou quando falam das dores de amor e saudade em "Comprimidos Demais" (Pílulas de todas as cores / Controlam nossos humores / Cápsulas de sentimentos / Momentos sob controle). E para completar tem uma nova roupagem para um clássico da Jovem Guarda, a doce "Coisinha Estúpida", com participação de Clarisse Falcão.
Alice Caymmi - Alice
O terceiro álbum de Alice Caymmi trata da mulher que sofre opressão - são de vários tipos, sabemos, seja pelo amor ou pela visão da sociedade, sei lá. Até algumas passadas pela própria. O disco mostra que o simples pode ser criativo e bom. Neste trabalho a artista mostra a contemporaneidade do pop e um pouco de R&B, e em alguns momentos soa bem radiofônica.
As participações tão diferentes de Pabllo Vittar (Eu Te Avisei), Rincón Sapiência (Inimigos) e Ana Carolina (Inocente) dão o tom desse bom lançamento.
Gilberto Gil - OK OK OK
Taís Alvarenga - Coração Só
O primeiro disco de Taís Alvarenga, intitulado "Coração Só", apresenta o amor intenso - com suas particularidades sentimentais - e verdadeiro.
O primeiro disco de Taís Alvarenga, intitulado "Coração Só", apresenta o amor intenso - com suas particularidades sentimentais - e verdadeiro.
"Esse Lugar" é a música que abre o disco, fala dos arranhões cortantes de uma separação com suas nuances - "Vai, já não cabe julgar a felicidade /Se é por vaidade ou sei o que lá /Você me procurar como se estivesse aqui." Em "Duna" tem um clima mais ensolarado e fala de recordações, de felicidades deixada pra trás... como um álbum que você vai olhando e percebendo as mudanças. Na faixa-título, ela canta em inglês e português, fazendo uma mistura de MPB e soul music de alta qualidade. O primeiro single trabalho e clipe foi a balada chapante "Você Se Enganou", lançado no final de 2017.
Carne Doce - Tônus
Salma Jô é a voz da banda Carne Doce. Este terceiro álbum - Tônus, apresenta uma base mais leve, com letras que falam do cotidiano das pessoas, suas tristezas e outros sentimentos. O som alternativo do grupo não alterou o seu caminho.
Um dos destaques, pelo menos nos comentários, é a música "Amor Distrai (Durim)" que fala de sexo integralmente, sem tirar nem por, aclamada por muitos e obviamente criticada por outras, e tem participação de Dinho (vocal do Vulgaris). Mas esse não foi o motivo do disco ter entrado na lista. A consistência e a energia continuam a mesma, moldada pelos tons agudos da sua vocalista.
Djavan - Vesúvio
Carne Doce - Tônus
Salma Jô é a voz da banda Carne Doce. Este terceiro álbum - Tônus, apresenta uma base mais leve, com letras que falam do cotidiano das pessoas, suas tristezas e outros sentimentos. O som alternativo do grupo não alterou o seu caminho.
Um dos destaques, pelo menos nos comentários, é a música "Amor Distrai (Durim)" que fala de sexo integralmente, sem tirar nem por, aclamada por muitos e obviamente criticada por outras, e tem participação de Dinho (vocal do Vulgaris). Mas esse não foi o motivo do disco ter entrado na lista. A consistência e a energia continuam a mesma, moldada pelos tons agudos da sua vocalista.
Djavan - Vesúvio
Por mais que você ache que com tantos anos de carreira, ele não precisaria entrar nessa lista, mas Djavan, 69, sempre surpreende. No disco Vesúvio, o artista fala de amor, de política, de natureza com a sutileza e poesia que lhe é peculiar. A faixa-título é a sua reflexão sobre a força e o poder da mulher e do próprio vulcão italiano, o famoso Vesúvio.
Esse novo disco tem uma veia pop mais ascendente que outros trabalhos anteriores lançados por Djavan nos últimos anos. Segundo ele, é uma reflexão da fluidez e naturalidade como foi pensado.
Paulinho Moska - Beleza e Medo
Paulinho Moska, é um artista ímpar, seja como cantor ou compositor. Os conceitos musicais são sempre vibrantes e estão sempre se renovando. O seu novo trabalho de inéditas "Beleza e Medo" tem tudo haver com o ano conturbado que o país ainda passa. O disco, ainda que recheado de positividade e reflexões naturais da vida em si, com músicas ensolaradas, numa pegada pop rock e com a assinatura particular do artista, ou seja, com muita poesia e explosão, mostra a sua preocupação com o hoje e o amanhã, em mais um ano de divisões políticas e sociais no Brasil e no mundo.
A cantora e pianista Mariane Claro, faz parte de uma levada de novos artistas que resolveram lançar EPs neste ano. O sugestivo título "Pra não esquecer" diz um pouco deste ótimo trabalho da artista. O destaque é a canção "Laço" do seu amigo Igor Carvalho. Na verdade, esse disco com apenas cinco músicas são de composições de pessoas próximas a ela. Entre levadas pop alternativa e baladas doces pontuadas pelo piano de Mariane, é uma mostra de como está caminhando a cena musical brasileira.
Gal Costa - A Pele do Futuro
Gal Costa continua criando, recriando e se reinventando, mesmo com tantas conquistas nesses 53 anos de carreira. O disco "A Pele do Futuro" tem um super time de compositores: Djavan (Dentro da Lei), Hyldon (Vida Que Segue), Guilherme Arantes (Puro Sangue - Libelo do perdão), Gilberto Gil (Viagem Passageira), Adriana Calcanhoto (Livre do Amor) e garotada nova como Dani Black (Sublime) - música de abertura do álbum - e Tim Bernardes (Realmente Lindo). O passeio vai da black music setentista e a MPB, sem perder seu ar contemporâneo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário