Adriana Calcanhotto para a nova geração. Nada ficou no lugar!

Imagem - Internet

@carlos maciel

Adriana Calcanhotto apresenta as suas obras desconstruídas por vários artistas da nova música brasileira. Nós sabemos que os nossos grandes artistas tem suas canções revistadas, muitas vezes em trabalhos solos e outros em projetos diretos. Nesse caso, os produtores e curadores Andrea Franco e o DJ Zé Pedro criaram "Nada Ficou No Lugar". O próprio título já alude ao conceito do disco e é o verso inicial na faixa Mentiras extraído do álbum Senhas (Sony Music /1992).

Em 21 de dezembro do ano passado, foram disponibilizadas seis faixas em três singles duplos e no mês de janeiro mais seis do total de 18 releituras de Adriana Calcanhotto que será finalizada em 15 de fevereiro deste ano.

É óbvio que com tantas caras diferentes, poderia até se pensar em mais do mesmo, com criatividade mínima e apenas interpretações da obra, mas não foi isso que aconteceu, cada um colocou o seu estilo e a sua forma de sentir a canção escolhida. Uns mais, outros menos mas sempre de forma bem particular.

capa CD - Divulgação

"A ideia do álbum se chamar Nada Ficou No Lugar surgiu exatamente pelo fato dos intérpretes se apropriarem das canções e darem uma roupagem ao seu modo e para o seu público, de acordo com sua identidade musical. Acho que este álbum renova e apresenta a obra de Adriana para uma outra geração de uma forma muito especial" disse Andrea Franco, uma das idealizadoras do projeto, em material de divulgação.

A música eletrônica foi a pauta principal dos seis primeiros singles. Embora outros estilos também foram premiados nessa obra. Tem bossa nova, pagode eletrônico, mpb...

A carioca Priscila Tossan - revelação do reality The Voice - interpreta a radiofônica Vambora (1998) com uma batidinha leve, com arranjo de Dj Memê, sem acrescentar muita coisa mas sem perder a essência. No mesmo single tem a magistral Ava Rocha com Âmbar (1996), sob o piano de Zé Manoel, ela dá um show de classe e interpretação.

A energia do hip-hop baiano do grupo OQuadro, caiu muito bem na escolhida Negros (1992). canção de letra forte, com combate ao racismo e a exaltação da negritude; e eles não deixaram esse trem sair dos trilhos. 

Tem umas interpretações que já tem a cara da artista e isso foi o que fez Mahmundi com Cariocas (1994). Muita vibe eletrônica que cairia muito bem numa pista de dança, em uma canção "composta" para os cariocas na visão de Adriana Calcanhotto, logo após sua chegada no Rio de Janeiro.

A baiana Larissa Luz, que fez parte da banda Araketu, eletriza Vai Saber (2012) e o resultado é muito bom. Ela dilui a pegada de samba original da canção a transformando em uma música com cunho pessoal. Outra surpresa do disco e que vem da Bahia, é o grupo grafado como Áttooxxá, ele desconstrói Toda Sexta Feira (2014) numa ótima base eletrônica.

Para o terceiro e último bloco, haverá interpretações de Laís Alvarenga, Jaloo, Preta Gil, Arthur Nogueira, Duda Beat e Letícia Letrux. Sobre esta última, o arranjo da música Seu Pensamento (2008) será da artista soteropolitana Lívia Nery com parceria de Felipe Pomar.

Uma coisa é certa: a nova geração brasileira de artistas mostra Adriana Calcanhotto, 53 anos, para o seu público. Uma artista de final dos anos 80, com uma longa história na MPB e que ainda permanece com sua legião de fãs e que cada vez vem com algo novo, seja em shows ou discos. Com ela "nada fica no lugar".

Todas as canções já lançadas estão disponíveis nas plataformas digitais.

Primeiro Bloco:

Mentiras - Johnny Hooker

Cariocas - Mahmundi

Porque Você Faz Cinema - Rubel

Vambora - Priscila Tossan

Negros - OQuadro

Segundo Bloco:

Senhas - Baco Exu do Blues

Pelos Ares - Illy

Metade - Alice Caymmi

O amor Me Escolheu - Mãeana

Vai Saber - Larissa Luz

Toda Sexta Feira - Àttooxxá

Terceiro Bloco (15 de Fevereiro):

Pode Se Remoer - Preta Gil

Seu Pensamento - Duda Beat

Esquadros - Jaloo

Já Reparô? - Letrux

Cantada - Arthur Nogueira

Inverno - Laís Alvarenga