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@carlossmaciel
Resignificar uma canção não é uma tarefa fácil e quando isso passa por clássicos e novidades, aí a coisa precisa de novos caminhos mesmos. Esse é o propósito do cantor Renato Enock que unindo a batida eletrônica e samples, lançou na última sexta-feira (19) a faixa "Des Construção", escrita assim separado mesmo. A canção do novo disco de Tiago Iorc, "Desconstrução", teve acrescido o sampler de "Construção", um clássico da MPB, de Chico Buarque. As composições dos dois artistas, trazem retratos sociais que se assemelham, cada uma no seu tempo, e na "criação" de Renato parecem uma só.
Renato lança em agosto, nas plataformas digitais, um álbum com releituras que ele vem fazendo ao longo da carreira. O projeto recebeu o título de "Recortes" e será dividido em dois EPs. O chamado lado "A", será com músicas atuais e o lado "B", composto de sucessos das décadas de 70, 80 e 90. Vários artistas participaram do trabalho, dentre eles: Bruno Gadiol, Armário de Saia, Bemti e outros.
Vamos esperar as novas surpresas depois da ótima "Des construção". Veja o vídeo clip e comprove.
Quando se viu pela primeira vez
Na tela escura de seu celular
Saiu de cena pra poder entrar
E aliviar a sua timidez
Vestiu um ego que não satisfez
Dramatizou o vil da rotina
Como fosse dádiva divina
Queria só um pouco de atenção
Mas encontrou a própria solidão
Ela era só uma menina
Amou daquela vez como se fosse máquina
Amou daquela vez como se fosse a última
Seus olhos embotados de cimento e lágrimas
E atravessou a rua com seu passo júbilo
Amanheceu tão logo se desfez
Se abriu nos olhos de um celular
Aliviou a tela ao entrar
Tirou de cena toda a timidez
Alimentou as redes de nudez
Fantasiou o brio da rotina
Fez de sua pele sua sina
Se estilhaçou em cacos virtuais
Nas aparências todos tão iguais
Singularidades em ruína
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Tropeçou no céu como se ouvisse música
Agonizou no meio do passeio naúfrago
Morreu na contramão atrapalhando o público
Entrou no escuro de sua palidez
Estilhaçou seu corpo celular
Saiu de cena pra se aliviar
Vestiu o drama uma última vez
Se liquidou em sua liquidez
Viralizou no cio da ruína
Ela era só uma menina
Ninguém notou a sua depressão
Seguiu o bando a deslizar a mão
Para assegurar uma curtida
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